As mudanças tecnológicas no mundo do trabalho no ramo financeiro estão provocando um fenômeno típico do neoliberalismo: aumento nos lucros dos banqueiros e diminuição da renda e dos direitos dos trabalhadores. Além do aumento da exploração, a migração de bancários e bancárias para plataformas digitais dos bancos, como empregados(as) ou em regime de trabalho por conta própria, tem produzido uma diminuição da representação desses trabalhadores por entidades sindicais fortes. O tema foi analisado neste sábado (02/04), no 6º Congresso Nacional da Contraf.
O economista do DIEESE, Gustavo Cavarzan, fez um diagnóstico da nova configuração do trabalho no ramo financeiro. Segundo ele, entre 2013 e 2020, a categoria bancária perdeu 82.698 postos de trabalho no Brasil. Por outro lado, o ramo financeiro, sem contar o setor bancário, ganhou 117.915 novos postos. Esse balanço demonstra que está havendo uma grande migração de trabalhadores com relações de trabalho reguladas por legislação trabalhista e representados por sindicatos fortes para setores com relações de trabalho precárias e com baixa ou nenhuma representação sindical.
Na área de atuação da Federa-RJ, entre 2013 e 2020, houve redução de 11.441 postos de trabalho (29,5%) e de 437 agências bancárias (25%).
Para a presidenta da Federa-RJ, Adriana Nalesso, é preciso muito esclarecimento sobre as novas condições de trabalho no ramo financeiro. “Muitos trabalhadores acham que, nas plataformas, são seus próprios patrões, são empreendedores, que podem gerir seu tempo e espaço de trabalho e até ganhar mais do que em um emprego formal. É uma ilusão. Se colocarem no papel o que eles perdem com a falta de plano de saúde, tíquete refeição e outros benefícios, verão que o resultado dessa conta é negativo. Além disso, eles devem considerar os efeitos do teletrabalho. Falta de estrutura, de equipamentos, isolamento, problemas de saúde, aumento de custos com contas de luz e alimentação”, analisa Adriana Nalesso.