Os impactos das novas tecnologias sobre o trabalho no setor financeiro e do trabalho intermitente e novas regras aprovadas pela reforma trabalhista foram temas da primeira mesa neste sábado da 2ª Conferência Estadual das Bancárias e dos Bancários.
O economista e técnico do Dieese, Gustavo Cavarzan, iniciou falando do alto índice de desemprego no país que em oito anos perdeu 2,8 milhões de trabalhadores com carteira assinada. Isso revela o crescimento do trabalho informal.
“A redução de emprego é generalizada e o maior impacto é sobre os bancários que estão nas agências. O aumento dos trabalhadores em home office é um grande desafio para o movimento sindical que precisa se aproximar e representa-los”, acrescentou o economista”.
O tele trabalho também foi citado como um grande impasse.
“Mesmo com despesas como conta de luz e material de trabalho a maioria dos bancários que estão em home office responderam as nossas pesquisas como sendo positivo e preferirem continuar trabalhando em casa”, apontou o técnico que frisou que essa ação é de certa forma uma de precarização do trabalho.
O sociólogo Clemente Ganz que da mesma forma participou do debate virtualmente também citou o desafio do sindicato de se aproximar desses trabalhadores e se mobilizar nos ambientes de trabalho para enfrentar os novos modelos que estão surgindo com as novas tecnologias. As eleições de outubro ainda foram citadas como fundamentais para o sucesso do acordo da categoria bancária.
A presidenta da Contraf-CUT, Juvandia Moreira ainda em participação virtual também citou a importância das eleições este ano.
“A luta estratégica mais relevante da Campanha Nacional deste ano são as eleições 2022. Se Bolsonaro vencer as eleições será praticamente o nosso fim. Ele vai fazer de tudo para enfraquecer o movimento sindical favorecendo as negociações individuais, a terceirização e a precarização do trabalho” alertou a dirigente. A ação do Santander que está contratando trabalhadores autônomos sem direitos e proteção trabalhista foi citada como exemplo.
Juvandia lembrou ainda a importância da criação das brigadas digitais pela CUT como instrumento para enfrentar as fake news.
“A vacina contra o golpe é a mobilização popular para eleger Lula no primeiro turno. Temos que juntar as forças que defendem a democracia para impedir qualquer tentativa de golpe”, explicou.
Após um breve intervalo houve a discussão das propostas que serão levadas para o 24ª Conferência Nacional dos Bancários que acontece em São Paulo nos dias 10, 11 e 23 de junho.
Entre as propostas estão o a valorização maior do que nos anos anteriores dos vales refeição e alimentação; concessão aos pais da mesma estabilidade concedida às mães durante os primeiros meses de vida dos filhos; aumento para um salário mínimo do valor do auxílio creche e auxílio babá; ampliação de 15 para 30 dias da licença paternidade; divulgação dos canais de poio às mulheres vítimas de violência; aumento do valor para cobrir os gastos com o trabalho em home office; reconhecimento dos acidentes de trabalho e das doenças ocupacionais, ocorridos durante o home office, com a correspondente emissão da CAT.
Adriana Nalesso, presidenta da Federa-RJ, encerrou o evento comemorando o sucesso da Conferência e agradecendo o carinho como todos e todas participantes foram recebidos pelo Sindicato de Campos dos Goytacazes tendo à frente o presidente Rafanele Alves Pereira.
“Fomos recebido com muito carinho e organização pelos dirigentes de Campos dos Goytacazes nesse momento de luta e resistência” e completou lembrando que “Esse ano temos dois grandes desafios, a renovação da nossa convenção coletiva e as eleições. O debate sobre a manutenção dos nossos direitos será novamente alvo de questionamentos, mas estamos muito bem preparados e vamos a negociação com muita altivez e segurança”.