O Santander está demitindo trabalhadores e trabalhadoras reintegrados por ordem judicial. São pessoas dispensadas durante a pandemia, em descumprimento ao compromisso “Não Demita”, assumido junto ao movimento sindical. Os bancos divulgaram a promessa de não demitir na imprensa e também em materiais internos e relatórios para investidores.
Bancários e bancárias demitidos recorreram à Justiça Trabalhista. Juízes do Trabalho de todo o país acataram o argumento de que o compromisso “Não Demita” era público e deram ganho de causa aos trabalhadores. “Mas o Santander demorou muito para cumprir as ordens judiciais. Tivemos que acompanhar bancários e bancárias ao local de trabalho e insistir várias vezes até que fossem reintegrados”, relata Marcos Vicente, coordenador estadual da COE Santander.
Na semana passada as reintegrações começaram a acontecer em grande volume. Mas os bancários e bancárias encontraram uma armadilha: ao saírem do consultório médico após o exame de retorno, um gestor do banco lhes entregava, ali mesmo, o aviso de dispensa. “Recebemos as denúncias no início da semana e na quarta-feira, dia 20, nos dirigimos ao local e, com a nossa presença, o banco suspendeu as dispensas. Na quinta-feira também não houve demissão no ambulatório, mas os bancários e bancárias começaram a receber os avisos por telefone”, relata Marcos Vicente.
Em julho de 2021 o Santander foi condenado em processo movido pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo a pagar multa de R$ 50 milhões por descumprimento do “Não Demita” e por práticas antissindicais durante a pandemia. O banco recorreu da decisão e continuou adotando as mesmas práticas, e passando a protelar as reintegrações dos bancários e bancárias que ganharam na Justiça.
A demissão logo após a convocação para o retorno ao serviço, com reativação no sistema de RH e do plano de saúde, está gerando ansiedade nos trabalhadores. “As pessoas ficaram estarrecidas com o aviso de dispensa. Até os gestores que entregam os comunicados e os médicos pareciam constrangidos”, relata Marcos Vicente. “Não é só desrespeito aos bancários e bancárias e aos sindicatos, é também um tapa na cara da Justiça”, avalia o dirigente.