Em entrevista ao Portal Metrópoles, Bolsonaro demonstrou descaso pelas denúncias de assédio sexual praticado por seu aliado Pedro Guimarães no período em que presidia a Caixa. A jornalista Lilian Tahan ainda insistiu, destacando o caráter dos depoimentos que chegaram a ser divulgados pela mídia, mas o presidente continuou minimizando os fatos relatados.
A corregedoria da empresa já entregou ao Judiciário um gordo e detalhado relatório, o inquérito está em andamento, o Ministério Público do Trabalho pediu que Guimarães seja condenado a pagar R$ 30,5 milhões de indenização às vítimas. Mas o presidente da República reduz as vítimas a “pessoas que se sentiram assediadas”, desqualificando seus depoimentos.
Em nota enviada através de suas advogadas, as vítimas afirmam: “é motivo de indignação e revolta que, ao minimizar a dor e o sofrimento já expressos em inúmeros depoimentos perante a Corregedoria da Caixa, o Ministério Público do Trabalho e, no âmbito criminal, o Ministério Público Federal, as VÍTIMAS tenham sua PALAVRA posta em dúvida em contribuição ao processo de REVITIMIZAÇÃO que um Presidente da República deveria ter como compromisso combater.”
Na última terça-feira, 25, o Jornal Nacional divulgou trechos do relatório final da Corregedoria da Caixa. O material traz informações sobre a práticas de assédio de assédio que “teriam sido praticadas de forma reiterada e se utilizando das mais variadas formas de expressão (física, gestual ou verbal) e valendo-se, inclusive, e em especial, da condição de presidente da empresa”. Em outro ponto, o relatório conclui que “os relatos expõem uma gestão pautada na cultura de medo, comunicação violenta, insegurança, manipulação, intransigência e permissão ao assédio.”
Pedro Guimarães foi nomeado para a presidência da Caixa em janeiro de 2019 para preparar o banco para ser privatizado, atendendo às ordens de Bolsonaro e do ministro Paulo Guedes. Aliado fiel de primeira hora do presidente, foi amplamente fotografado e filmado a seu lado – inclusive em algumas lives. Quando o escândalo de assédio sexual explodiu em junho deste ano, com depoimentos de dezenas de vítimas, Guimarães entregou o cargo.