A tabela do Imposto de Renda não é reajustada desde 2016, o que vem aumentando a mordida do leão na renda dos trabalhadores brasileiros. Os salários são reajustados, mas o teto de isenção e as faixas de tributação não mudam. Isto coloca dentro da margens de incidência de imposto valores que deveriam não pagar nada ou pagar percentuais mais baixos.
Os governos petistas criaram uma política de cobrança do IRPF que favorecia os salários menores. No ano da última atualização, a faixa de isenção chegava a 2,16 salários mínimos. Em 2011 esta política virou lei – com vigência até 2014 e prorrogada até 2015. Além da correção do teto de isenção, foram criadas mais duas alíquotas de cobrança, o que “fatiou” os valores acima da faixa isenta em 4, ao invés das duas que havia antes. Com isso, o imposto descontado dos salários na fonte caiu, principalmente para quem ganhava menos.
Com a defasagem da tabela, a faixa de isenção já pega quem ganha mais que 1,5 salário mínimo e os salários acima de quatro mínimos já entram na faixa mais alta de cobrança, atingindo em cheio as classes C e média.
Para Adriana Nalesso, presidenta da Federa-RJ, não corrigir a tabela do imposto de renda é penalizar ainda mais os trabalhadores. “É preciso acertar esta distorção. Já somos penalizados em função da carga tributária sobre itens de consumo, que impacta negativamente a renda dos trabalhadores”, critica. A sindicalista destaca outro caminho, mais justo, defendido pelo movimento sindical para a captação de verbas pelo Estado: “Defendemos uma carga tributária progressiva e a tributação sobre grandes fortunas”, aponta Adriana.