Sindicato de Campos recebe Atividade de Formação da Federa-RJ

Com o objetivo de compreender melhor o atual cenário de transformações que ocorrem rapidamente no setor financeiro e o impacto que essas mudanças trazem para a categoria, a Federa-RJ realizou nesta terça-feira (27), na sede social do Sindicato dos Bancários de Campos dos Goytacazes, uma atividade de formação para dialogar com diretoras e diretores sobre as mudanças tecnológicas, políticas, econômicas e as legislações trabalhistas.
Carlos Arthur Newlands, diretor do ramo financeiro da Federa-RJ, abriu o evento falando sobre a importância de todos estarem com pleno conhecimento das dificuldades para que seja possível enfrentar a realidade. “A categoria bancária está diminuindo, mas a categoria do ramo financeiro está aumentando. São mais trabalhadores, mas com menos direitos e mais exploração”, pontuou.

Luiz Otávio, diretor de formação da Federa-RJ, lembrou que a federação está trabalhando em todos os sindicatos de sua base para que a ampliação do diálogo traga novas ideias. “As transformações estão muito rápidas e o que está sendo dito aqui não é só o futuro, mas já está acontecendo na vida de todos nós. Precisamos de um plano de ação não apenas para absorver conhecimento, mas para agir”, completou.

A economista e técnica do Dieese Milena Alves, falou das mudanças legislativas e regulatórias que têm alterado a situação do ramo financeiro e apresentou números que refletem a situação do setor na base do Sindicato de Campos.
Sobre o emprego formal no ramo financeiro entre os anos de 2012 e 2021, percebeu-se que ao longo desses quase 10 anos, a categoria bancária da base de Campos teve uma redução de 26%, enquanto no ramo financeiro, exceto categoria bancária, houve um aumento de 128%.

Este grupo de trabalhadores formais que está fora do enquadramento em categoria bancária é composto, por exemplo, por profissionais que atuam com planos de saúde, crédito cooperativo, corretores e agentes de seguros e previdência, sociedades de crédito, financeiras, holdings, etc.

Outro dado relevante apresentado pela economista do Dieese foi sobre a média salarial desses profissionais em 2021. Enquanto a média salarial da categoria bancária naquele ano estava em R$ 7.375,28, a de trabalhadores do ramo financeiro ficou em R$ 2.968,98.

Sobre as demissões, Milena apresentou os números do ano de 2023 que mostraram que houve 59 desligamentos e 38 admissões, deixando o emprego bancário nos municípios da base do Sindicato de Campos, com um saldo negativo de 14 postos de trabalho, sendo todos eles, ocupados por mulheres.

Sobre a faixa etária, apenas trabalhadores e trabalhadoras de até 29 anos tiveram saldo positivo na base, todas as outras faixas-etárias tiveram destruição de vagas. Este número também reforça a prática dos bancos em demitir trabalhadores com mais tempo de serviço para contratar novos trabalhadores com menos benefícios e salários mais baixos.

Ao final do evento, foi apresentado aos participantes um posicionamento da Febraban do ano de 2018, em que a federação já demonstrava seu pensamento liberal em relação às tendências do mercado de trabalho no setor financeiro. Em um trecho da nota, a Febraban diz que “a força de trabalho no futuro deve mudar o quadro de profissionais, trazendo uma lógica de freelancers e profissionais autônomos, bastante especializados que trabalham ao mesmo tempo em vários bancos e fintechs, além de criadores individuais, que desenvolvem rapidamente novos projetos e os passam à frente no mercado – sem esquecer dos robôs que, com a automação, devem assumir as funções triviais”.

Para Carlos Arthur, a fala da Febraban é extremamente ideológica e coloca o trabalhador como empreendedor de si mesmo. “É a meritocracia na veia. Um pensamento que atrapalha o trabalho sindical pois destrói as possibilidades de luta coletiva, com cada um na sua casa”, finalizou.

O presidente do Sindicato, Rafanele Alves Pereira lembrou que a reforma trabalhista também tornou tudo mais difícil, reduzindo a atuação do Ministério do Trabalho no município e dificultando até mesmo o controle de demissões. Rafanele ainda agradeceu a troca de conhecimentos. “Foi uma palestra muito importante para o sistema financeiro que tem mudado muito rápido. A tecnologia muda a cada segundo e precisamos estar conectados e prontos para enfrentarmos essas transformações”, concluiu.

Ao final do evento foi traçado um plano de ação para que o sindicato elabore suas prioridades e estão previstos novos encontros.

 

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