Dada a largada para o debate sobre as prioridades para a Conferência Nacional

O segundo dia da 5ª Conferência Estadual da Federa-RJ começou animado e com o auditório lotado, neste sábado, dia 24. O Regimento Interno foi lido e aprovado por unanimidade. Logo após, começou a primeira mesa com o debate sobre a Inteligência Artificial e o impacto na gestão do trabalho.

O palestrante Cássio Calvete, professor doutor da UFRGS, abordou como a tecnologia revolucionária está em todos os lugares. Deu como exemplo o Uber, que é uma empresa, que adota a IA na gestão em todo o processo. Desde a avaliação, a definição do motorista, que não tem intervenção humana para a escolha.

Destacou como ponto negativo a transparência zero. O(a) trabalhador(a) não sabe como a remuneração é calculada, não sabe os critérios que levam à demissão ou promoção, com isso, aumentam a ansiedade e a cobrança por metas. Diante disso, é fundamental lutar por uma regulamentação do mercado de trabalho com as novas tecnologias.

Já a economista do Dieese, Millena Alves, começou falando sobre as ocupações que estão em declínio e outras em expansão neste novo modelo. Os empregos que estão crescendo são voltados ao setor de tecnologia. Entre os extintos, aparecem os caixas de bancos.

Ela mostrou o crescimento do número de Fintech no mercado e a redução da categoria bancária, que já representou 79,5 % do ramo financeiro, em 2014, e caiu para 45,9%, em 2023. Também destacou a redução de mulheres na categoria, em consequência da concentração em empregos nos setores de TI.

Com esse cenário, quais são os caminhos possíveis?

É necessário garantir a regulamentação, tanto pela segurança dos clientes, como pelos direitos conquistados pelos(as) trabalhadores(as).

A mesa também contou com a presença da presidenta da Federa-RJ, Adriana Nalesso, os presidentes dos sindicatos dos bancários de Campos e Teresópolis, Rafanelle Alves e Claudio Mello, além de Lorena Pansini, que vai ocupar a pasta da Mulher Trabalhadora na Federação.

A mesa de comunicação abriu a Conferência Estadual na parte da tarde. Depois das saudações das diretoras da Federa-RJ, Erica Marcelino e Paula Rodrigues, e do puxão de orelha dado pelo presidente do Sindicato dos Bancários de Petrópolis, Sávio Barcellos, que questionou quantos diretores se engajam nas postagens nas redes sociais, Miguel Pereira, diretor do Sul Fluminense que comandou a mesa, chamou a jornalista Rosangela Fernandes, doutora em comunicação pela UFRJ, para abordar estratégias de comunicação de enfrentamento à extrema direita nas redes.

Rosangela deu alguns exemplos, mostrou como as forças progressistas rebatem de forma tímida aos ataques conservadores e também abordou os interesses por trás dos algoritmos, engajamento nas redes e patrocínios altíssimos que eles usam para alavancar as publicações.

Para finalizar, deixou uma provocação: “Precisamos de estratégia e coragem para defender a democracia”.

Já Willian de Lucca, apresentador do ICL e que foi da equipe de comunicação do Sindicato dos Bancários de São Paulo, chamou atenção para o nível de atraso que temos em relação às redes e a necessidade de avançar para a defender à democracia.Ele questionou como as mídias sociais são usadas, falou da necessidade de investir em perfis que dialoguem com a sociedade, que não falem apenas dos sindicatos.

Estimulou a criação de perfis, que abordem assuntos diversos e também ressaltou que é fundamental criar relacionamento com a categoria.

Antes de terminar, chamou atenção para um risco real da extrema direita: vencer as eleições no Brasil em 2026 e citou como grande desafio a disputa do Senado.

Adriana Nalesso, presidenta da Federação, apresentou o trabalho de comunicação realizado durante os quatro anos. Depois de algumas intervenções, a mesa finalizou destacando que as redes sociais e a comunicação estão no centro das prioridades do movimento sindical.

O evento acabou com a eleição dos delegados que representarão à Federa-RJ na Conferência Nacional da categoria.