Dia do bancário e da bancária

Nesse dia do bancário e da bancária, temos muito a celebrar. Somos uma categoria organizada nacionalmente, conseguimos conquistar acordos e preservar direitos em um tempo de grandes dificuldades e perdas para classe trabalhadora.
Nossa união, perseverança e luta nos permitiram seguir firmes na defesa da democracia, direitos e justiça social.
O olhar para o futuro do trabalho bancário tem sido motivo de preocupação, mas também de reflexões importantes sobre a revolução tecnológica em curso que altera significativamente nosso trabalho e nossa vida.
O trabalho bancário não acabou e não acabará. O que existe é um deslocamento de serviços antes realizados por nós e que agora são feitos terceirizados, autônomos e até pelos próprios clientes.
Além disso, observamos também o surgimento de “empresas” – fintechs, bigtechs, bancos digitais – que atuam como se fosse bancos. Elas se aproveitam da ausência de uma regulação específica para realizar contratações diferenciadas, a maioria de seus empregados não está enquadrada como bancário. Temos também as cooperativas de créditos e a terceirização irrestrita na mesma situação.
Olhar para o futuro significa se questionar: a quem serve toda essa tecnologia?
Na minha opinião, deveria servir para que tivéssemos mais tempo livre para curtirmos nossa família e amigos. Mas sabemos: isso não tem sido a realidade. Ao contrário, somos cada vez mais monitorados e cobrados.
Trabalhadores e trabalhadoras não são colaboradores, parceiros, yutubers… Tentam desconstruir nossa identidade para que pensemos que somos parte da empresa, só que não. Fazem isso para flexibilizar direitos com discurso de que os encargos trabalhistas são altos.
Tudo não passa de estratégia disfarçada em um jogo de palavras. A realidade é que flexibilizam para potencializar os lucros. Assim, surgem, por exemplo em nossa categoria, novos “trabalhadores” chamados de AAI – Agentes autônomos de investimentos, e AAN – Agentes autônomos de negócios. Na verdade, são profissionais que atuam como autônomos e passam a ser responsáveis por todos os custos e riscos do trabalho, ou seja, é como um “parceiro” do Uber, muda-se apenas o nome.
Sabemos que não é tarefa fácil, mas jamais deixaremos de lutar por nossos direitos e agora com o desafio de ampliar a representação. As alterações no mercado de trabalho são reais e nossa categoria é sim muito impactada pelas novas tecnologias, mas penso que as transformações podem vir com direitos, empregos e salários dignos. E quero convidar você a fazer o mesmo.
Nós acreditamos e lutamos por um mundo mais inclusivo e de oportunidades. Valorize seu sindicato, as entidades que verdadeiramente representam você. Vamos comemorar esse dia. Merecemos e precisamos recarregar as energias. Vamos juntos e juntas construir vitórias.
Adriana Nalesso, presidenta da Federa-RJ

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