Nos últimos anos, propagandas dos bancos passaram a incluir negros e negras em seus elencos. Mas o número de afrodescendentes que efetivamente trabalham nos bancos ainda é pequeno e está abaixo da proporção na população geral, mesmo que tenha havido um crescimento suave. Por mais que os bancos tentem parecer inclusivos, no dia a dia a situação é diferente.
Embora a contratação de pessoas negras pelos bancos esteja aumentando – principalmente nos públicos, onde o acesso se dá por concurso – ainda é difícil atuarem no atendimento presencial. Negros e negras se concentram, principalmente, nas áreas de suporte e atendimento telefônico. Nas agências, o número de afrodescendentes que têm contato direto e pessoal com o público ainda é pequeno.
Segundo dados das edições 2008 e 2014 da pesquisa “Censo da Diversidade”, realizada pela Febraban, o sistema financeiro nem é o maior empregador de negros e negras com ensino superior. Na População Economicamente Ativa (PEA), 31,9% dos negros e negras têm ensino superior iniciado ou completo, enquanto nos bancos esta proporção não passa de 24,4%.
Segundo levantamento realizado pelo Dieese com base em números oficiais do Ministério do Trabalho em 2019, a discriminação também mostra sua face quando o assunto é remuneração, e ainda há o acréscimo do componente de gênero: mulheres negras ganham 59% do que recebem os homens brancos.
A meritocracia tem sido difundida na sociedade brasileira, fazendo muitas pessoas acreditarem que esforço pessoal é a única forma de ascender profissionalmente. Mas a prática mostra que não se combate o racismo com soluções individuais e privadas. O racismo é institucional e deve ser combatido dentro e pelas instituições. Precisamos de políticas públicas que garantam à população preta e parda o acesso a espaços que sempre lhe foram negados. A filósofa, escritora e professora norte-americana Angela Davis, destacada ativista negra e feminista, defende que combater o racismo é uma tarefa diária que requer ações concretas. Neste 20 de novembro, lembremos sua famosa frase, que é um verdadeiro chamamento para a luta: “Numa sociedade racista, não basta não ser racista. É necessário ser antirracista.”