Os banqueiros começaram a negociação das cláusulas econômicas com choradeira, destacando dificuldades para atender às demandas da categoria. Citaram despesas operacionais, concorrência com as fintechs (bancos virtuais) e inadimplência para negar aumento real. Mas o Comando Nacional dos Bancários rebateu os argumentos apresentando os números da lucratividade do setor.
O aumento real é a principal expectativa da categoria. Em segundo lugar vem o aumento diferenciado para os tíquetes, para compensar a alta da inflação dos alimentos. O Procon-SP calculou que uma cesta básica com produtos de higiene e limpeza sai por R$1.251. Levantamento do Dieese somente com itens de alimentação chegou ao valor de R$ 777. Hoje, a cesta alimentação dos bancários está em R$ 644.
A alta dos alimentos aumenta o endividamento das famílias brasileiras e os bancos usam a inadimplência como argumento para negar as reivindicações. “A Fenaban alega que a alta da inadimplência impacta o lucro dos bancos, mas são eles mesmos os responsáveis. As pessoas usam o cartão de crédito para despesas básicas, como alimentação, e as dívidas crescem em razão das taxas de juros abusivas”, destaca Adriana Nalesso, presidenta da Federa-RJ.
Excluindo mineração (Vale) e petróleo e gás (Petrobras), o setor financeiro é o mais lucrativo da economia. Os cinco maiores bancos lucraram R$ 27,6 bilhões só no primeiro trimestre deste ano, um aumento de 15,4% em relação ao mesmo período de 2021. “Entre as empresas do setor financeiro com ações na bolsa de Nova Iorque, há 4 bancos brasileiros na lista dos que tiveram maior rentabilidade. Não há desculpa para não conceder aumento real”, destaca Adriana Nalesso.
Os argumentos dos banqueiros incluem as conquistas dos bancários. “Eles dizem que temos salários mais altos que outros setores e também muitos benefícios. Mas o setor que mais lucra tem que pagar mais. Além disso, tudo o que a categoria tem hoje é fruto de décadas de lutas, não da bondade dos patrões”, argumenta Adriana.
A Fenaban não apresentou contraproposta às reivindicações do Comando Nacional. A discussão continua na segunda-feira, dia 08, junto com as negociações sobre PLR e remuneração variável.