Consignado no Auxílio Brasil é manobra eleitoreira

O empréstimo consignado a partir do Auxílio Brasil está valendo desde o último dia 10 e o governo colocou a Caixa – que é o banco que paga o auxílio – como principal credor. Embora haja um limite baixo para o empréstimo e teto para os juros, a operação é considerada arriscada pela maioria das instituições financeiras. BB, Bradesco, Itaú e Santander, os maiores bancos do país, se recusaram a oferecer o consignado sobre o Auxílio.

O Idec – Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor publicou em setembro um posicionamento técnico em que alerta para o risco de superendividamento dos beneficiários. Segundo levantamento feito pela instituição, somente na primeira semana de operação, o número de reclamações passou de 2 mil. Em nota técnica, o Idec caracteriza a medida como eleitoreira, já que foi divulgada às vésperas do início oficial da campanha eleitoral. O parecer foi anexado ao pedido de suspensão do consignado feito pelo Ministério Público do Tribunal de Contas da União.

Como se não bastasse a Caixa ser usada para fins eleitoreiros, há risco elevado do banco ficar com o prejuízo quando os devedores não puderem pagar. A tendência é a inadimplência chegar a um nível tão dramático que o governo se verá forçado a criar um mecanismo legal para anistiar as dívidas.

Na lista de instituições autorizadas pelo governo para conceder o consignado do Auxílio Brasil, surpreende a presença do Banco Safra. A empresa é especializada no segmento premium, atuando majoritariamente como banco de investimentos para clientes de alta renda e não opera contas populares.
Das demais instituições, algumas sequer são filiadas à Febraban. Duas têm menos de cinco anos de existência: Pincred (Pintos Crédito) e Capital Consig. Uma delas, a Zema Financeira, é presidida por Romero Zema, irmão do governador de Minas Gerais, Romeu Zema, apoiador de Bolsonaro.

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