Denúncias de assédio sexual na caixa viram inquérito civil público

O Ministério Público do Trabalho converteu em Inquérito Civil Público as denúncias de assédio sexual contra o ex-presidente da Caixa, Pedro Guimarães. Depois de notificada, a Caixa terá dez dias para entregar ao MP documentos e registros dos procedimentos abertos para apurar as denúncias feitas através dos canais internos.

O Ministério Público inicia assim a investigação, a requisição de documentos e pode ouvir depoimentos de vítimas e testemunhas. Este material pode ser usado para a abertura de processo criminal contra Guimarães, já que o assédio sexual é crime tipificado no artigo 216-A do Código Penal.

O Ministério Público Federal também está apurando 14 denúncias contra o ex-presidente da Caixa e já solicitou acesso aos registros das informações recebidas pelos canais internos do banco.

Ligações

Pedro Guimarães, aliado de primeira hora de Bolsonaro e Guedes, foi nomeado para a presidência da Caixa para preparar o banco para a privatização. Antes, passou pelo BTG Pactual, Banco Plural e Santander, onde também houve denúncias de assédio sexual e moral, o que lhe valeu o apelido de Pedro Maluco.

As reclamações contra Guimarães começaram logo após sua posse, em 2019. Quando as denúncias se tornaram públicas, surgiram também acusações de que o então vice-presidente de Negócios de Atacado, Celso Leonardo Barbosa, tentava abafar a situação, tentando convencer as vítimas a não apresentarem denúncias. Barbosa deixou a empresa poucos dias depois da Guimarães.

Em março deste ano, um dos assessores diretos de Guimarães na presidência, Sérgio Ricardo Faustino Batista, assumiu a Diretoria de Controles Internos e Integridade, que apura as denúncias de irregularidades e condutas inadequadas. Faustino continuou à frente da diretoria mesmo depois que Guimarães deixou a presidência, mas foi encontrado morto nas dependências do edifício-sede no último dia 19. Guimarães esteve ao lado de Bolsonaro em inúmeros eventos públicos e lives ao longo de sua gestão na Caixa. Bolsonaro absteve-se de comentar as denúncias e declarou que não se oporia a uma demissão a pedido, o que acabou acontecendo em 28 de junho.

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