A Primeira mesa tratou de tema estratégico: construção do poder sindical 2023 – 2027 – desenvolvimento e proteção; desenvolvimento de negociações e proteção ao emprego. Destaque para grande participação feminina. De um total de 1.195 pessoas, entre delegados, convidados e trabalhadores, 54% são mulheres, e 46% homens. A paridade é levada a sério. Apesar desses números positivos, alguns sindicatos não conseguiram cumprir a cota de 40% de mulheres, por isso terão que apresentar uma carta formal a UNI pontuando as justificativas.
Segundo o relato da presidenta da Federa-RJ, Adriana Nalesso, que participa desde o início do encontro, o ontem (28/08) foi bem movimentado. Foram tratados temas como: novas tecnologias e os impactos no mundo do trabalho, na organização sindical e nas condições das mulheres. Entre as falas importantes, destaque para reflexão sobre as condições de trabalho e vida. “Apesar das diferentes realidades que cada país apresenta, a exploração, a perseguição a dirigentes sindicais, as dificuldades dos sindicatos se firmarem e conseguirem sindicalizações é recorrente”, observou Adriana.
Ao final do dia, foi apresentada a campanha mundial contra a Amazon, “Make Amazon Pay”. Apresentada pelo presidente da RWDSU, Stuart Appelbaum. Ele explicou que a Amazon tem mais de um milhão de funcionários no mundo e explora em todos os lugares onde funciona. A empresa incorpora as injustiças, vigilância, uso de trabalho precário, fuga de impostos e excesso de uma atitude que finge ser verde, mas, na verdade persegue sindicatos e é uma ameaça à organização. Existem atualmente 16 sindicatos que se articulam através da UNI para brecar a exploração da Amazon no mundo. No Brasil, os trabalhadores pediram ajuda para criar o sindicato e através da UNI conseguiram esse ano. A luta deve ser global.
Pelo fim da precarização do serviço pela Amazon no Mundo alguns depoimentos chamaram atenção:
Stefanie Nutzenberger, chamou a atenção que já a organização dos trabalhadores já trouxe avanços. Pela primeira vez, centenas de trabalhadores da Amazon se uniram e realizaram uma parada em prol do trabalho decente, por salário digno. Depois dessa manifestação, a remuneração subiu e as condições de trabalho melhoraram. Ainda não há um acordo, mas a pressão trouxe resultados.
Andrea Borghesi, NIDIL CGIL italia, falou da realidade no País e apresentou número. A empresa tem 50 mil empregos diretos e 30 mil indiretos. Destes, vários contratos têm acordos setoriais na área do comércio, logística, trabalho temporário. “É um momento de luta coletiva e disputa trabalhista. Precisamos organizar greves para o governo forçar a Amazon a negociar e avançar”, explicou, além de ressaltar que empregos com grande rotatividade, com período curto de trabalho, é muito difícil de negociar.
Já Jeniffer Bates, RWDSU – EUA, retratou as dificuldades de organização. “Nós ouvíamos os trabalhadores e conversamos, os gerentes tinham práticas anti sindicais, não deixavam a gente colocar nossos materiais. É preciso fortalecer o sindicato e esclarecer acerca da importância da organização.”
Um trabalhador da Amazon, em seu depoimento, explicou que todos os funcionários que se sindicalizaram aprenderam o quanto é importante a luta por direitos. Ele contou um caso de perseguição. “Eu fui mordido por cães, que eles jogam na gente para inibir nossa atuação. A união de todos os sindicatos é muito importante para superar as adversidades. A UNI tem ajudado e fortalecido nossa luta”.
Ao final subiram ao palco sindicalistas da Bélgica, Itália, EUA, Reino Jnido, Irlanda e Canadá, Austrália, Brasil, Colômbia, Suécia, Espanha. Todos os sindicatos unidos na campanha “Make Amazon Pay”.
Outros relatos impactantes durante a Conferência:
Jane Katsunaba da HTS – Uganda, do Sindicato dos hotéis e restaurantes, que recebeu prêmio pela luta do sindicato em defesa dos trabalhadores do Carrefour, falou que o hipermercado começou a atuar no país em 2019. Contou a dificuldade inicial e relatou que através da UNI, montaram um fundo de solidariedade que possibilitou ampliar a organização e explicou que em 2023, eles conseguiram com o auxílio da UNI África para assinar o primeiro acordo.O companheiro do Peru, Irá Ponte, do Sindicato dos trabalhadores em Cassino, retratou as dificuldades e perseguições sofridas pelos sindicatos e trabalhadores para não se sindicalizarem. Retratou demissões e falou que os sindicalistas levantaram fundos vendendo balas e venceram. Hoje são um dos sindicatos mais importantes no Peru.
Márcio Monzani, da UNI Américas, falou da situação na Colômbia, da perseguição a organização sindical e enfrentamentos que tiveram que realizar e da baixa sindicalização em função das adversidades e ameaças de mortes. Mas, finalizou dizendo que agora passaram a ser respeitado pelo governo e empregadores. A UNi tem uma presença importante na Colômbia ajudando a construir oportunidades e mudar realidades.
Renate Wapenhensch, Alemanha IG BAÚ, levantou um debate sobre igualdade salarial entre gênero. Falou que a remuneração média é de 90% do salário dos homens que muitas mulheres trabalham meio período para cuidar da família e casa. Destacou também a importância da pressão dos sindicatos para buscar a igualdade.
Guido Adolfo Valerga – SICA Argentina, explicou que no País foi criado um fundo da maternidade para técnica do cinema e audiovisual. Esta proposta, permite que as técnicas grávidas podem receber um auxílio de 1 salário mínimo e meio.
Patrícia Mordini – Syndicom – Switzerland – Suíça, também ressaltou a luta por igualdade.