Brasil Democrático Sempre!

A 25ª Conferência Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro foi um sucesso. Mais de 650 bancários e bancárias, de todo o Brasil, participaram do encontro presencial na quadra do Sindicato dos Bancários de São Paulo. Foram três dias de intensos debates e vários painéis. Entre os temas, destaque para regulamentação das comunicações, Inteligência Artificial, Reforma Tributária, Transformações no mercado de trabalho e organização do Ramo Financeiro.

A primeira mesa foi de Conjuntura Internacional, com o Convidado Moisés Marques, doutor em Política Internacional. Ele fez uma crítica as altas taxas de juros básicos, a Selic, que está em 13,25%, e destacou a necessidade de dar continuidade à luta contra os juros abusivos. “Os juros altos sobrecarregam quem ganha menos. Estamos sempre penalizando os mais pobres”, explicou.

Veja todo conteúdo da apresentação aqui.

A seguinte, debateu a Regulamentação das plataformas digitais e Inteligência Artificial. Fizeram parte da mesa o deputado federal Orlando Silva e o divulgador científico Atila Iamarino.

O pesquisador traçou um histórico para apontar o que mudou na inteligência artificial, desde o seu início, com robôs que jogavam xadrez até o atual ChatGPT, que não para de evoluir. “Se antes a inteligência artificial tinha 50 áreas diferentes que avançavam por conta própria, hoje tem um único sistema que avança mais de 50 vezes mais rápido, por todos os pesquisadores estarem trabalhando no mesmo sistema, unificando todas as áreas.”

Veja a apresentação aqui na íntegra.

Reforma Tributária: Progressiva e Distributiva também esteve em pauta. A mesa teve a presença da Rosângela Vieira, economista do Dieese, e Ricardo Berzoinni, ex-ministro nos governos Lula e Dilma.

Para os especialistas, o Movimento sindical precisa se mobilizar para conquistar isenção para mais pobres e menores rendas e tributação da riqueza e maiores alíquotas para altos salários.

Berzoini afirmou que temos o pior sistema tributário do mundo, em que, desde 1996, quem recebe lucro não paga imposto. “FHC fez isso porque precisava ampliar a sua base empresarial e, então, deu essa benesse aos empresários”, lembrou. “E ainda existe outra coisa absurda que é a dedução sobre os juros de capital para empresas que fazem sua contabilidade pelo lucro real”, completou.

Para completar, as heranças são subtributadas. “Nos Estados Unidos, os grandes herdeiros pagam até 40% de imposto. No Brasil, a alíquota máxima é de 8%, por conta de uma resolução aprovada há 31 anos”, destacou o ex-ministro. “Todos esses são elementos importantes, que estão no coração da desigualdade. Nosso sistema tributário propaga a desigualdade e acrescenta, a cada geração, mais desigualdade”, disse.

Já a técnica do Dieese, Rosângela, apresentou os princípios defendidos pelos movimentos sociais para a reforma tributária.

• Garantir financiamento adequado do Estado de bem-estar social brasileiro, com universalização da saúde, educação e seguridade social, condição essencial para a cidadania plena;
• Redução das desigualdades sociais;
• Dessa forma, o eixo fundamental é justiça fiscal com progressividade;
• Que os ricos paguem mais impostos, ao contrário do que ocorre hoje, onde, proporcionalmente, os pobres pagam muito mais impostos;
• Aumentar tributação direta e reduzir indireta.

Veja a íntegra da apresentação da Rosângela

A última mesa do dia debateu as transformações no mercado de trabalho e organização do ramo financeiro, com Viviam Machado e Gustavo Machado, ambos economistas e técnicos do Dieese.

Vivian abordou as novas tecnologias bancárias, como inteligência artificial (IA), e como isso afeta a segurança no sistema financeiro. De acordo com ela, o mundo está passando pela quarta revolução industrial, com a fusão de tecnologias que está combinando as esferas física, digital e biológica.

Gustavo traçou um cenário do emprego no ramo financeiro. Ele apontou que o setor financeiro brasileiro passou por uma verdadeira reestruturação, com mudanças nas tecnologias, na legislação trabalhista, na regulamentação do BC e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), na política econômica do país e no papel dos bancos públicos, o que alterou drasticamente o modelo de negócios e o principal impacto foi no emprego.

No Domingo

O último dia da Conferência foi aberto com a divulgação da Consulta Nacional feita à categoria que revelou impactos de metas abusivas na saúde de bancárias e bancários.

Quase 20 mil bancários de todo o país, sindicalizados ou não, participaram da pesquisa sobre temas relacionados ao dia a dia de trabalho e de repercussão nacional.

“A consulta é fundamental, porque se torna um instrumento para a percepção dos anseios dos trabalhadores e das trabalhadoras em diversas questões, como saúde, condições de trabalho e ações sindicais. Também recolhemos informações referentes a reforma tributária, a política praticada pelo Banco Central, igualdade salarial entre homens e mulheres e combate a fake news“, explicou a economista pela PUC de São Paulo e técnica do Dieese, que fez a apresentação dos resultados.

Val a pena ler a matéria no site da Contraf-CUT na íntegra para saber mais.
https://contrafcut.com.br/noticias/consulta-revela-impactos-de-metas-abusivas-na-saude-de-bancarias-e-bancarios/

No encerramento, bancárias e bancários ponderaram a necessidade de maior organização dos trabalhadores do ramo financeiro, importância de organização dos comitês de luta e brigadas digitais, de mobilização da luta por reforma tributária com distribuição de renda, regulamentação das plataformas digitais. Além da preocupação em melhorar as condições de trabalho e saúde dos trabalhadores, defender os bancos públicos e consolidar a democracia.

Diante de todos esses debates, os diretores da federação fizeram uma avaliação positiva do encontro, confira:

Claudio Mello, presidente do Sindicato dos Bancários de Teresópolis, a Conferência abordou temas importantes que colocam um grande desafio neste momento de transição do mundo do trabalho para os sindicatos e toda categoria do Ramo financeiro.

Marcos Alvarenga, presidente dos Bancários de Petrópolis, achou que o encontro foi essencial para manter a união e mobilização em torno da categoria bancária. Também chamou atenção que os debates foram importantes tanto no que diz respeito ao dia a dia nos locais de trabalho, como na vida pessoal todo.

Já Rafanele Alves, apontou que a grande novidade da Conferência Nacional foi que o tema “Brasil Democrático, sempre!” chamou atenção para a necessidade do movimento sindical olhar os desafios impostos com as novas tecnologias.

Para José Ferreira, presidente do Bancários Rio, a Conferência demonstrou a capacidade de organização e mobilização da categoria bancária e valorizou que, entre as importantes resoluções, estão a continuidade da luta pela redução dos juros, em defesa do emprego e da saúde dos Bancários e bancárias.

Jorge Martins, presidente de Niterói, ressaltou que a Conferência fortaleceu a organização para ampliar direitos em busca de um país com mais igualdade e oportunidades para todos. Além disso, valorizou o legado de resistência e luta que ficou, além da busca de um país mais justo, mais democrático para nossos filhos e netos.

Julio Cunha, presidente do sindicato do Sul Fluminense, enfatizou que a Conferência Nacional dos Bancários abortou temos importantes para categoria, trouxe informações que ajudam na luta da categoria através da pesquisa, além de demonstrar força e união dos Sindicatos na luta pelos direitos dos Bancários.

Para a presidenta da Federa-RJ, Adriana Nalesso, destaque para as reflexões acerca dos temas que se relacionam a categoria, como os impactos das novas ferramentas tecnológicas e as mudanças no mundo do trabalho, saúde e condições de trabalho, organização do ramo financeiro e a necessidade de uma reforma tributária.

Em breve, a Federa-RJ vai divulgar um encarte com mais detalhes para a base. Acompanhe!!!!

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